Osho: Wild Wild Country
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Osho está online. Já faz algumas semanas que Wild Wild Country estreou na Netflix. Confesso que assisto muito pouco documentários, e só fui convencido a assistir esse.
Todo o documentário dividido em 6 episódios retrata como Bhagwan Shree Rajneesh ou “Osho”, como é mais conhecido hoje em dia, era um indiano líder de seita.
Um cara estranho pra caralho, que pelo jeito queria ser uma espécie de Buda 2.0 ou coisa parecida, e criar seu próprio país onde a humanidade seria supostamente reformada e a sociedade seria harmônica como aqueles folhetos de testemunhas de Jeová.
Bhagwan, que não era bem visto nem mesmo entre seus conterrâneos indianos, tendo sido vítima de uma tentativa de assassinato por um líder hindu, migra para os Estados Unidos, mais precisamente no estado do Oregon, no Condado de Wasco.
Osho aparentemente não tem problemas com dinheiro, compra um grande terreno no qual vai tentar criar nos futuros anos, um verdadeiro estado paralelo ao governo americano e transformar a vida dos pacatos cidadãos de Wasco num inferno
Tudo por meio de brechas da constituição. A comunidade de Osho fundada em solo americano por Bhagwan se tornaria uma ameaça a todo o estado do Oregon e se, não tivesse sido impedida seria também uma grande ameaça aos Estados Unidos.
É interessante ver o quanto seus seguidores, todos muito fanáticos, eram pessoas da elite cultural e financeira ocidental. É notável como um bando de loucos construíram em um curto período de tempo uma cidade tão confortável para si mesmos, e a maneira como resistiram efetivamente a tantas investidas das autoridades americanas. Eram loucos, mas não eram burros.
Olha o naipe do figura: Osho!
Que figura é esse tal Bhagwan! O cara é assustador. Uma barba quilométrica, sempre juntando as mãos para cumprimentar seu séquito de seguidores, enrolado num pano de indiano, calçando chinelos de dedo, relógios caríssimos e sempre sendo levado em um Rolls-Royce (é dito em certo momento que sua coleção de Rolls-Royces chegou a 90!) eu ficava com medo toda hora que ele aparecia em cena. Deveriam se inspirar nessa figura na hora de fazerem um vilão novo para o James Bond, ou algum personagem de comédia política, vilão de filme de terror e coisas do tipo… As utilidades para uma figura dessas no cinema seriam quase infinitas!
Ma Anand Sheela, braço direito de Osho
No começo da série, quando eles chegam aos EUA, Bhagwan praticamente desaparece. Ele está lá todo o tempo, mas ninguém fala nele. Quem responde por Rajneeshpuram (nome da tal comunidade) é Ma Anand Sheela a então secretaria de Bhagwan. É ela que com mão de ferro vai resistir às ameaças externas à comunidade. Isso, até certo ponto em que os problemas no paraíso começarão a ameaçar internamente a existência de Rajneeshpuram, e vai ser quando Bhagwan volta à cena para tentar sobreviver e botar ordem no barraco.
Não vou me alongar pelos detalhes da história, que penso eu, não implicariam spoilers pois isso é um documentário e tudo retratado é de conhecimento público, mas tudo ali é abordado de maneira muito profunda, respeitando as nuances e os lados de cada um. Os dramas das famílias de Wasco vitimadas pela invasão, o drama do envolvimento que eu acredito tenha sido de todo o coração dos seguidores de Bhagwan, feridas até hoje abertas nos corações daqueles idosos relatando suas histórias para a câmera.
Antes do fim, gostaria de destacar Jane Stork, uma das seguidoras de Bhagwan, e que tentou matar um procurador americano que investigava fraudes cometidas por eles em um dos monólogos que ela faz no final do último episódio, contando como ela retornou aos EUA mesmo com a acusação de tentativa de assassinato em aberto no tribunal. Maior cena de todo o documentário!